O PT certamente não é um partido de “santos” se for investigar a fundo tem lideranças de Vitória que poderiam conquistar uma “jega” cativa num presídio capixaba. Suas principais lideranças nacionais estão presas e o próprio Lula, a qualquer momento, poderá ser investigado pelo Ministério Público. Mas tirando o joio do trigo encontramos militantes fantásticos, ideológicos e honestos que merecem posições de destaque nos cenários local e nacional. Gente como a senadora Ana Rita Esgario, Iriny Lopes, Claudio Vereza, Givaldo Vieira, juntamente com Perly Cipriano e outros que salvam o PT do descrédito total. Esses militantes são como fonte de luz numa agremiação partidária que as trevas querem tomar conta. Quem da minha geração nunca comprou um broche do PT e desfilou com ele sentido orgulho no peito. Coisa que hoje nem as autoridades eleitas do partido sentem coragem de fazer. Essa entrevista visa fazer um resgate desse código de ética perdido no tempo. Um militante que merecia dirigir o partido no Estado. Hoje o novo código de ”ética” do PT exige como pré-requisito ter bens indisponíveis e ser investigado pela Polícia Federal e Ministério Público. Neste quesito João Coser está muito mais preparado, por ser amigo dos camaradas: José Dirceu, José Genuíno, Delúbio e Cia. Para falar de um PT que ainda vale a pena crer, Perly Cipriano nos conta no vídeo acima, que começou a fazer oposição à ditadura no primeiro dia do golpe militar de 1964. “Estava na universidade estudando e fui preso em 65, 66, 67, e tive que largar o Brasil. Fui para a União Soviética fazer Direito Internacional. Voltei e fui para o Nordeste, continuei na clandestinidade na ‘Ação Libertadora Nacional’, e lá fui preso em Pernambuco. Onde fui torturado, preso, condenado e cumpri pena durante dez anos. E mesmo na cadeia continuei lutado de uma forma ou de outra, claro que em outras circunstâncias, denunciando as torturas que tinham nos presos políticos, nos presos comuns, fazendo documentos, manifestos, e fizemos até um filme dentro da cadeia, chamado ‘Sal água e açúcar’. Escrevemos muito, a gente alimentou durante dez anos na prisão um sonho, que é a única coisa que não pode deixar de existir é o sonho, o grande alimento. Valeu a pena a gente sentir um país sendo massacrado, não ter liberdade que a gente só de fato vai ver o valor da liberdade quando perde ela, até lá a gente acha que está tudo tranquilo. Então quando saí da prisão e voltei sonhando em fazer um projeto, em fazer o PT. Eu já vim com esse projeto da prisão, não só escrevemos, mas começamos a construir o PT, em 69 antes de ser solto. A anistia foi votada em 22 de agosto de 79 e sancionada em 28. Então nós tínhamos feito uma greve, 33 dias de greve de fome, a gente estava junto lá e saí em liberdade condicional e vim construir o PT. A gente tinha um sonho que precisava mudar o país. Hoje a gente examina que terminada a ditadura, mesmo quando já não tem mais os ditadores as instituições, porque ficaram 21 anos com o regime militar tornaram também autoritárias. Não apenas as pessoas, as universidades ficaram mais autoritárias, os sindicatos mais autoritários, os partidos mais autoritários e até as igrejas ficaram mais endurecidas. Então já não tem os ditadores, mas tem o desafio de democratizar as instituições para que o sonho possa se realizar”. Concluiu.
Questionado sobre como está a tortura no Espírito Santo Perly disse: “Tortura é um crime que não prescreve, chamado crime contra a humanidade. Tanto é que o Brasil foi condenado na Corte Interamericana, porque não deu conta de encontrar os corpos daqueles mortos no Araguaia. E também aquele que torturou, mesmo que passe 10, 20, ou 30 anos ele vai ser julgado. Então a tortura no Brasil precisa ser estudada com muito cuidado ela tem muitas raízes profundas, porque não é apenas contra o preso político. Eu sofri tortura na prisão, pau de arara, choque, forçamento, palmatória, enfim sofri as torturas. Mas eu já sabia que antes existiam as torturas de presos comuns e continuam hoje ainda lamentavelmente existindo. Recentemente criamos aqui na Secretaria de Assistência e Direitos Humanos uma comissão, por Lei para a erradicação da tortura. E vamos criar também um comitê que vai acompanhar porque as torturas ocorrem no Brasil, lamentavelmente são muito fortes ainda”. Concluiu
Sobre sua possível contribuição para reduzir a violência caso seja eleito deputado estadual, Perly foi enfático: “Acho que primeiro é preciso mobilizar muito a sociedade, essa comissão para erradicação da tortura vai ajudar muito. Porque ali dentro está o Ministério Público a Defensoria Pública, Tribunal de Justiça, Sociedade Civil, enfim nos temos um conjunto de pessoas que vão poder acompanhar indo aos presídios, vamos discutir. Então a questão da tortura é possível enfrentar, embora ela tenha um forte peso na sociedade ainda. Nós tivemos o período do extermínio dos índios, escravidão dos negros, ainda hoje há repressão. É preciso tratar esse tema de maneira intensa. Precisamos trabalhar muito com acesso à informação, às vezes as pessoas querem informação e sentem dificuldade. Já tem Lei sobre isso que fala muito da informação, precisamos fazer com que a sociedade tome consciência de que ela tem direito de acesso à informação, que às vezes são sonegadas pelo poder público. E também criar, nós estamos praticamente definindo já uma Rede Capixaba de Direitos Humanos, onde o cidadão comum não dependa das ONGS, não dependa de tal ou qual pessoa. Mulher que sofreu violência o que ela pode fazer, ela mesmo pode acionar. Quais os telefones que ela tem acesso todos 24 horas por dia e 07 dias por semana. Quais telefones que ela pode ter acesso, 180, 100, vários, e também quais são as entidades que ela pode recorrer através de e-mails para fazer essa denúncia. Precisamos criar as condições para que a sociedade possa ela mesma se defender e não ficar dependendo muito das outras pessoas e cobrar do poder público a sua parte nas atividades. Também o combate à descriminalização e o preconceito. Nós temos muito preconceito contra a pessoa idosa, eu sou uma pessoa idosa e preciso ter acessibilidade. A sociedade precisa ter acessibilidade, para a pessoa cega, o idoso, a mulher grávida, enfim nós precisamos pensar uma sociedade acessível, não apenas no elevador, más também não só rampa. O cego para caminhar numa cidade como Vitória sente dificuldade. O surdo quando chega numa repartição pública, quem vai atender ele, quem entende ele. Então é preciso trabalhar todo esse sistema. É preciso que as escolas preparem-se para receber com carinho e respeito às pessoas deficientes ali dentro. Quando uma criança vai para uma escola pública, se for deficiente física, cega, cadeirante, com síndrome de down, com poucos dias as outras crianças são melhoradas. Elas começam a aprender a conviver com aquela pessoa e não estranhá-la. É bom para os professores e funcionários, então nós temos que pensar numa sociedade inclusiva. Eu acho que o Parlamento Brasileiro tem falhado muito, nos temos o Executivo, Legislativo e Judiciário, todos têm sua autonomia. Acho um absurdo guando a Assembleia é subordinada ao Governador, vale para o Congresso também subordinado ao Executivo. E preciso que ele tenha a sua autonomia para propor, fiscalizar e denunciar. Não pode ser uma pessoa que apoia o governo e aceita todos os erros que o governo cometa. Ele deve apoiar naqueles projetos que fez defesa. Então basicamente o mandato tem que estar integrado com os movimentos sociais, esse é o tema central. Hoje tem meios de denunciar de ter informação, de mobilizar a sociedade. Acho que Parlamentar, no caso específico do PT, tem que atuar junto aos movimentos sociais”. Perly aprofunda essa discussão, é importante você assistir o vídeo com a entrevista completa, vale a pena ver e ouvir uma aula de história política atual.
Fonte: José Vieira dos Santos MTB 1820/ES
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